Jornal da Mostra

28 de outubro de 2021

Último dia do Fórum Mostra acontece nesta sexta-feira, (29), com duas mesas dedicadas aos aspectos políticos da cultura

Juri da 45ª Mostra
Juri da 45ª Mostra

O último dia do Fórum acontece nesta sexta-feira, 29 de outubro, com duas mesas que serão dedicadas aos aspectos políticos da cultura. 

O debate “Política Audiovisual: Impasses e Saídas” reunirá os responsáveis pelas políticas do setor nos âmbitos municipal, estadual e federal para pensar o futuro da relação entre cinema e Estado, impactada não só pela crise das finanças públicas, mas pela própria reconfiguração do mercado.

O tema cultura e Estado terá prosseguimento na mesa de encerramento do Fórum, “Cultura, Estado e Burocracia”, na qual se procurará olhar para os graves impasses que atingem o setor não apenas com o objetivo de diagnosticá-los, mas de entender o que, da atual crise, pode servir de aprendizado para o futuro.

O Fórum Mostra é realizado pela Mostra Internacional de Cinema em São Paulo em parceria com o Itaú Cultural, e é transmitido de maneira on-line pelo canal da Mostra no YouTube, com mesas em dois horários: às 11h e às 15h. Acesse o catálogo do evento.

Confira a programação do último dia do Fórum Mostra:

11H: CULTURA, ESTADO E BUROCRACIA

A cultura, no Brasil, sempre foi marcada pela presença estatal. Essa relação, que começa com a biblioteca trazida pela família real e se aprofunda na era Vargas, reflete a própria formação do Estado brasileiro, moldado por aquilo que o intelectual Raymundo Faoro chama de “patrimonialismo” e “estamento burocrático”.

Enredado nessa relação tanto por meio das leis de renúncia fiscal, que implicam numa relação formal com o Estado, quanto por meio do apoio direto, o setor cultural tem vivido, sob Bolsonaro, uma pressão política que tem a própria burocracia – representada pelas prestações de contas jamais analisadas e pelas cobranças do Tribunal de Contas da União – como algoz.

Quais são, para o futuro, as possibilidades de avanço nessa relação?

Participantes: Eduardo Saron (Itaú Cultural), Alfredo Manevy, Claudinéli Moreira Ramos 

Mediação: Ana Paula Sousa, coordenadora do Fórum Mostra


15H: POLÍTICA E AUDIOVISUAL: IMPASSES E SAÍDAS

O início das políticas públicas de apoio ao cinema remete ao PósGuerra, na década de 1940. Desde então, mecanismos de proteção, como a cota de tela, e o financiamento público foram se tornando mundialmente aceitos como a única forma de se garantir a existência dos cinemas locais.

Passado quase um século desse início, as políticas públicas de apoio ao cinema se veem fortemente impactadas pela crise financeira dos Estados; pelo ataque de governos conservadores; pela reconfiguração que a tecnologia trouxe ao mercado; e até mesmo pelo seu cruzamento com outras pautas políticas, como a pauta identitária.

Diante desses novos contextos, qual deve ser, no Brasil, o futuro da política voltada aos filmes?

Participantes: Viviane Ferreira (diretora-presidente SPCine), Carlos Augusto Calil (professor e presidente Sociedade Amigos da Cinemateca Brasileira), Marcelo Ikeda (professor e pesquisador)

Mediação: Ana Paula Sousa, coordenadora do Fórum Mostra


Saiba mais sobre os convidados da mesa Cultura, Estado e Burocracia:

Eduardo Saron

Gestor cultural há quase 20 anos, Eduardo Saron é dirigente do Itaú Cultural, presidente do Conselho de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo e diretor do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). É conselheiro de várias instituições, entre as quais o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), a Fundação Bienal de São Paulo e o Paço do Frevo, em Recife.

Alfredo Manevy

Formado em Cinema e Vídeo pela USP, doutor em Ciências da Comunicação pela mesma universidade, é gestor, professor e pesquisador na área cultural. É co-organizador do livro Depois da última sessão de cinema: Spcine, audiovisual, democracia (2021). Foi secretário-executivo do Ministério da Cultura e presidiu a Spcine.

Claudinéli Moreira Ramos

Historiadora, mestre em Filosofia da Educação e doutoranda em Cultura e Informação pela USP, Claudinéli Moreira Ramos é especialista em Gestão e Políticas Culturais pela Universidade de Girona. Foi coordenadora das Unidades de Preservação do Patrimônio Museológico da Secretaria da Cultura do Estado de SP e atua como consultora para instituições como a Unesco.


Saiba mais sobre os convidados da mesa Política e Audiovisual: Impasses e Saídas:

Viviane Ferreira

Advogada, ativista negra e cineasta, Viviane Ferreira é diretora-presidente da Spcine. Mestre em Comunicação pela UnB e professora universitária, foi uma das fundadoras da Associação de Profissionais Negros da Indústria Cinematográfica. Dirigiu o longa-metragem Um Dia com Jerusa (2020) e foi nomeada uma das 100 Afrodescendentes Mais Influentes do Mundo com menos de 40 anos.

Carlos Augusto Calil

É, desde 1987, professor do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da ECA-USP, onde ministra as disciplinas História do Audiovisual Brasileiro e Legislação e Mercado Audiovisual. Foi diretor e presidente da Embrafilme, dirigiu o Centro Cultural São Paulo e exerceu o cargo de Secretário Municipal de Cultura de São Paulo. É o presidente da Sociedade Amigos da Cinemateca Brasileira.

Marcelo Ikeda

Professor do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará, além de crítico, realizador e curador, Marcelo Ikeda é doutor em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com doutorado-sanduíche na Universidade de Reading, na Inglaterra. É autor de onze livros sobre cinema, entre eles Utopia da autossustentabilidade: impasses, desafios e conquistas da Ancine (2021).